domingo, 12 de abril de 2015

Kleber esculpe e pinta troncos, uma arte primitiva que agita o mercado naïf


Ele nunca tinha ouvido falar a palavra escultura. Pedreiro por profissão, Kleber da Silva sempre  teve jeito para fazer subir uma parede, mas artes plásticas era algo que não fazia parte de seu vocabulário.

Isto até há uns oito anos, quando, para debochar de um imenso buraco que se abrira na rua bem em frente à sua casa, que ainda não recebera pavimentação,  em Divinópolis, ele acabou iniciando o ofício de escultor.

Na verdade, o que ele fez mesmo foi uma interferência, coisa que somente anos depois foi entender. Pegou um galho de madeira, como se fosse um homem, com os braços abertos, botou nele um lenço na “cabeça”, boca, óculos e olhos de plástico. Resolveu vesti-lo com camisa e short.

Chamou a atenção dos jornais, das emissoras de rádio e de TV da cidade e atingiu seu objetivo: a empresa responsável pela pavimentação da cidade foi lá no dia seguinte, e não somente tapou o buraco, como asfaltou a rua.

A partir dali, Kleber não parou mais. O boneco, batizado de Ameba, ganhou uma mulher, grávida, a barriga feita com um capacete velho, achado na rua, que levou o nome de Felisbina. E um filho, Mocreia. Ameba está lá até hoje, enfeitando a frente da casa de Kleber, que mais se parece com um sítio, onde mora com a mulher e muitos cachorros.

Começou a catar galhos e troncos de árvores caídas para criar esculturas que ele chamava de bonecos. Os personagens ganhavam vida e cores nas roupas.

Depois, aprendeu sozinho a manejar o formão e começou a criar esculturas em madeira que lembram muito o trabalho de seu conterrâneo mais famoso, Geraldo Teles de Oliveira, o GTO, ele também um dos mais autênticos representantes da arte popular brasileira, autodidata que, como Kleber, começou a vida como pedreiro.

Como GTO, Kleber também acha que tem um dom divino: “quando eu olho para o tronco, parece que quero entrar dentro da madeira. Vou fazendo sem ver, é Deus que me ensina”, afirma.

Com trabalhos nas mãos de colecionadores brasileiros e estrangeiros, Kleber da Silva já expôs peças no Centro Mineiro de Artesanato, que funcionou no Palácio das Artes durante muitos anos, e agora busca uma galeria em BH que se interesse em divulgar a sua arte. 

Os contatos com o artista podem ser feitos pelos telefones (31) 3215-3567/9942-6869, ou pelo email kleberartes2010@hotmail.com (Post Tetê Rios)



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