Eu sou viúvo. Fiquei viúvo há dois anos, num acidente de
carro. Eu dirigia, minha mulher morreu. Foi horrível. Fiquei muito abalado. E também
muito machucado. Quebrei o pé, em vários lugares, operei, colocaram uns pinos,
demorei pra me recuperar.
Então me aposentei e passei a caminhar aqui na barragem.
Já conseguia andar bem, mas preferia usar os aparelhos ali da
praça República do Líbano. Uma academia ao ar livre. As academias tradicionais
me incomodam. Muito barulho, música alta.
Pois estava caminhando aqui na pista da barragem, ali ao
lado dos campos de futebol.
Deviam ser umas 4 de tarde, pouco movimento, eu andava
distraído, quando uma locomotiva passou por cima de mim.
Três rapazes, de surpresa, vieram por trás, me derrubaram
ao chão, as mãos ávidas nos meus bolsos, celular, chaves, carteira com
documentos e pouco dinheiro.
Em menos de minuto estava sem nada, caído no chão. Me deu
vontade de chorar.
Atordoado, fui pro carro, estacionado ali perto da
barraca do Açaí.
Mas sem chaves, e sem telefone. Sabe como é. Atualmente
os contatos estão todos no telefone, a gente não guarda nada mais de cabeça.
Tenho três irmãs que moram em BH. Por sorte, eu sabia de
cor o telefone de uma delas.
E ela me socorreu. Me pegou, levou num chaveiro, arrombei
a porta de meu apartamento, peguei a chave reserva do carro, retornei à
barragem. Meu carro ainda estava lá. Não tinha sido roubado. Já eram umas dez
da noite.
Fiquei traumatizado. Deixei de caminhar. Piorei. O médico
mandou que eu fizesse exercícios.
Agora fico só ali na academia. Ainda me assusto com
barulhos repentinos. Penso que é uma locomotiva. (Depoimento de caso verdadeiro
de assalto ocorrido há quatro meses na pista do Parque da Barragem)
É muito triste ouvir essas histórias! E a gente sempre sonhando sonhando que um dia seremos um país do dito "primeiro mundo"… Quando?
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