E ainda denuncia: Germano esta saturada há 12 anos e também vai se romper.
Maurílio Mansur, engenheiro de Minas, especialista em dragagem de minérios |
Especialista assegura: Dragagem pode salvar o Rio Doce. E é solução para impedir rompimento de barragens de minério no país
Maurílio Mansur diz que a vida útil da barragem de Germano da Samarco terminava neste ano, e afirma: “uma barragem não arrebenta no campo, e sim numa reunião em um escritório”
Considerado um dos maiores especialistas – senão o maior expert do país – em dragagem de minério, o engenheiro de Minas Maurílio Mansur (foto) garante: somente o uso de dragas poderá impedir o rompimento de outras barragens de minério.
Além disso, assegura: “a dragagem pode salvar o Rio Doce”.
Ao mesmo tempo, indaga: “Mas será que existe essa vontade no Brasil?”.
Para o Rio Doce, dá o exemplo da vizinha Colômbia, que está dragando 256 quilômetros de um rio com 13 dragas, ou seja, dividindo, uma draga a cada “lote” de 20 quilômetros. O que pode barrar esta solução é o alto custo de uma draga, algo em torno de US$ 6 milhões cada.
Mas, uma ninharia se comparado aos danos ambientais que estão por vir nos próximos anos, já que as medidas tomadas até o momento não conseguiram minimizar os efeitos da lama que vazou até chegar ao mar.
Engenheiro de Minas pela Universidade Federal de Ouro Preto, desde que se formou Maurílio se interessou por este equipamento que, infelizmente, segundo ele, não faz parte da cultura das mineradoras do sudeste do país. “Mineração por aqui ainda é caminhão, carregadeira, trator e escavadeira”, lamenta.
Depois da aposentadoria, abriu a MDR – Mansur Engenharia, Dragagem e Representações, e atua como consultor de grandes empresas mineradoras. A experiência veio do trabalho de anos na Paranapanema que, ao lado da Vale, formava o dueto das maiores mineradoras do Brasil. A empresa, relembra, era um gigante da área e referência em dragagem na mineração brasileira e mundial.
Barragem de Germano estava saturada há 12 anos
Em 2003, o engenheiro foi chamado para um experimento com draga justamente na Barragem de Germano. Àquela época, a barragem já estava saturada, e a empresa decidiu dividi-la em sete baias, onde a draga despejava os rejeitos, uma a cada mês. A experiência não deu certo. A Samarco decidiu, então, aumentar a barragem para que tivesse uma vida útil de mais 12 anos, relembra o especialista.
Ele defende o uso racional da draga para a manutenção correta das barragens de minério, não somente as da Samarco, mas as de todas as mineradoras.
“Além de evitar tragédias com o rompimento de barragens, pois a draga transfere o rejeito para outro local previamente determinado, a empresa pode reaproveitar esse rejeito que, na verdade, também contém minério”, garante.
O melhor exemplo é o consórcio da coreana Namisa com a CSN, em Congonhas. “Os coreanos pagaram uma fortuna por uma barragem de rejeitos, que é minério puro”, explica.
Mas, adverte: a draga é um sistema preventivo. Se a barragem já está saturada, é a solução para remanejar o rejeito e reaproveitar o minério que ele guarda, além, é claro, de evitar o rompimento.
Na sua opinião, o sudeste brasileiro não tem a cultura de usar a draga (pensam ser coisa de garimpeiro) e na realidade é uma embarcação flutuante.
Ela é operada na água escavando o rejeito mais o minério e os bombeando, em forma de polpa, para um local pré-estabelecido, tanto que, para usá-la, é necessária uma autorização do Ministério da Marinha.
“A Vale tem usado a dragagem por aqui, mas muito modestamente”, lamenta.
Para Maurílio Mansur, uma coisa é incontestável: “uma barragem não arrebenta no campo, e sim numa reunião em um escritório”.
Sobre as rachaduras na Germano, Maurílio explica que elas indicam a iminência de rompimento. “Quando a água começa a escorrer, quando há alguma brecha, uma rachadura, é sinal evidente de que a filtragem,existente no corpo da barragem, já não suporta mais, já não funciona mais, que a barragem está saturada e que há, realmente, riscos altos de rompimento”, assegura.
Morador do Bairro São Bento, Maurílio é frequentador assíduo do Parque da Barragem, onde passeia todos os dias com Didu, seu shitsu de seis anos. (Post Tetê Rios)
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