Antônio Henriques dos Santos e Marilza Balbino de Morais (foto) são o que se pode chamar de amigos desde sempre e para sempre. Daqueles em quem a gente confia, compartilha as alegrias e as tristezas, se diverte nas caminhadas diárias na pista do Parque da Barragem.
Marilza, 46 anos, é casada, “muito bem casada”, como gosta de frisar, há 25 anos. É mãe de quatro filhos, três homens, de 12, 16 e 20 anos e uma moça, de 25, esta especial. Nasceu com microcefalia, doença que até poucos meses era praticamente desconhecida, mas que se tornou quase que uma epidemia no Brasil do mosquito da dengue e da temível zika virus.
A dedicação incondicional da mãe, que teve rubéola e toxoplasmose na gravidez, possibilitaram que uma vida próxima da normalidade para a filha que, agora adulta, fala, anda, entende, é muito vaidosa.
Mas a luta foi árdua, relembra Marilza, desde os tratamentos no Hospital da Baleia às horas e horas ensinando a pequena os primeiros passos e as primeiras palavras.
“Não gosto de perder, não desisto nunca, foi uma batalha, mas nós conseguimos”, diz, orgulhosa.
Mato-grossense de Três Lagoas, ela mudou-se para BH ainda bebê, e desde então vive no Aglomerado Santa Lúcia. Viu o parque nascer e se sente privilegiada por poder desfrutar do espaço todos os dias.
Aliás, o parque mudou sua vida: perdeu 24 quilos, graças às seis horas de caminhadas diárias, três pelas manhãs, três à noite, de segunda a sábado. “E uma dieta balanceada”, faz questão de explicar.
Em um mês, a família deixa a casa no Aglomerado e se transfere para um apartamento de três quartos do Programa Vila Viva, para onde estão sendo transferidos os moradores que tiveram as casas desapropriadas para a construção de uma avenida que vai ligar o Bairro São Bento à Avenida Nossa Senhora do Carmo, no Sion.
Antônio Henriques dos Santos é o companheiro na pista. Mineiro de Malacacheta, ele também viu o amontoado de taboas se transformar no lago, viu a pista sendo construída, hoje é um cliente aplicado do Projeto Caminhar, que frequenta a cada 15 dias.
Antônio sentiu melhoras gerais na saúde, na pressão arterial, na disposição para o trabalho.
Do parque, só tem uma reclamação: o vandalismo. “As pessoas têm de cuidar do patrimônio coletivo”, ensina. Para ele, uma questão de educação: “Tem gente que joga lixo em frente a sua própria casa”, lamenta.
Pelo menos sua parte ele faz: vai recolhendo o lixo que encontra pelos becos do morro e que deposita em seguida na lixeira: “cada um tem de fazer sua parte”, ensina (Post Tetê Rios)