Mario Miranda, olhos atentos para a beleza

Às vésperas de completar 83 anos, o decorador mineiro Mário Ângelo de Miranda (foto) é um observador crítico e até mesmo implacável da cidade. 

Nada escapa aos olhos atentos deste filho de Diamantina, que fez carreira no Rio de Janeiro e há 25 anos voltou para Belo Horizonte.

Ele caminha três vezes por semana no Parque da Barragem, e fica indignado com a depredação dos bancos (foto abaixo) inspirados na arte do famoso pintor espanhol Antoni Gaudí, um dos ícones do modernismo, com obras espalhadas principalmente em Barcelona. 

“É tão fácil recuperar, são feitos de cacos de ladrilhos, um produto barato”, reclama.

Morador da Vila Paris, solteirão convicto e pianista autodidata, ele confessa que desconhece a palavra solidão: “quando me sento ao piano e executo uma sinfonia de Beethoven, acho que minha sala está cheia de gente, só faltam os aplausos”, brinca.

Mário acompanhou toda a obra de construção do Parque da Barragem, e os jardins também são alvo de sua observação: “plantaram pitas, são lindas, mas já deram pendão e não replantaram, as sementes vão se perder. Todo jardim tem de ser replantado”, ensina.

Com planos de deixar a capital de vez e se voltar para Diamantina, onde está terminando ampla reforma no casarão de seus pais, na famosa Rua do Amparo, o decorador confessa que toda vez que volta da Europa, onde passa ao menos 40 dias por ano, demora quase um mês para se acostumar com Belo Horizonte novamente.

E defende que o brasileiro precisa copiar o que é bom e simples dos europeus, como os piqueniques nos parques da Itália, Espanha e Portugal, os países que mais aprecia. 

Mostra a grama recém-aparada e vaticina: “tudo o que é bem cuidado é bonito, as pessoas poderiam se deitar aqui, sem toalhas, como é comum nos parques da Europa”.