De uma família abastada, seu pai era um próspero produtor e exportador de frutas típicas daquela região, como pêssegos e tâmaras, proprietário de terras espalhadas pela região, onde empregava centenas de trabalhadores rurais.
A vida corria leve quando a guerra chegou, em meados da década de 1970. Damur ficou tristemente famosa em janeiro de 1976, durante a Guerra Civil Libanesa, quando foi atacada por militantes palestinos.
Em questão de minutos, a família teve de abandonar o amplo casarão e todos os seus pertences. Fugiram a mãe, o pai e os quatro filhos (o caçula tinha apenas quatro anos, na época) e ainda os avós e dois tios idosos, o que dificultava ainda mais a luta para sobreviver.
Adolescente, Elvira ainda se arrepia ao relembrar cenas de barbárie, com corpos mutilados espalhados pela praia, boiando no mar. E se emociona ao contar que ainda puderam ver sua casa sendo incendiada pelos invasores.
Passaram fome e sede, ficaram dias sem o que comer e o que beber. Olhos marejados, ela se lembra de terem de molhar os lábios com a água do mar para aliviarem a sede.
Conseguiram embarcar em um pequeno bote que os levou a um navio, de onde fugiram para o Norte do Líbano, onde morava a avó materna. De lá, chegaram à Síria, onde tinham parentes.
Do outro lado de cá do mundo, alguns parentes distantes acenaram para a família com um país pacífico e a possibilidade de começar uma nova vida. Foi assim que chegaram a Nova Lima, sem falar uma palavra da nova língua, desprovidos de bens.
A terra prometida se revelaria cruel.
Os parentes impuseram trabalho escravo, sem salário, apenas teto e comida.
Mas não ha mal que sempre dure. A família se mudou para Belo Horizonte, abriu um restaurante no Prado. A beleza da jovem, atrás do balcão, atraía muitos clientes. A mãe, uma fortaleza, cuidava sozinha da cozinha.
Anos depois, quando as coisas se acalmaram na terra natal, o pai conseguiu vender uma ínfima parte de suas propriedades. Compraram um sítio e um apartamento na Prudente de Moraes, onde a família vive até hoje.
Elvira casou-se, tem um filho de 21 anos, e após o divórcio, descobriu o dom da maquiagem.
Hoje, é super requisitada no Salão Vezo, na Avenida Guaicuí (3344-4971), onde coleciona clientes com sua habilidade de desenhar sobrancelhas.
Ainda com o sotaque libanês, ela se sente brasileira. Da terra natal, não vai mais nem para passear. (post e foto Tetê Rios)
Favor corrigir alguns erros:
ResponderExcluir- Elvira Abou Abdallah
- Damour
- Filho de 21 anos
- Salão Vezo