No dia 6 de novembro o Blog do Parque publicou o depoimento que segue abaixo, de forma anônima, para preservar a vítima. Mas Arildo Batista (foto), engenheiro aposentado, não se intimidou após o assalto de que foi vítima, e retornou ao convívio dos amigos no Parque da Barragem Santa Lúcia.
E autorizou a publicação de seu depoimento, agora identificado. Ele fez o B.O. (Boletim de Ocorrência) na Polícia Militar, mas agora, decorrido meses, nada aconteceu, nenhum retorno da polícia. Por isso as pessoas perdem os pertences, perdem a esperança, perdem a confiança na policia e não querem mais perder também a paciência comparecendo a uma delegacia de polícia para o registro de um inócuo B.O. Este o depoimento:
"Eu sou viúvo. Fiquei viúvo há dois anos, num acidente de carro. Minha mulher morreu. Foi horrível. Fiquei muito abalado. E também muito machucado. Quebrei o pé, em vários lugares, operei, colocaram uns pinos, demorei pra me recuperar.
"Então me aposentei e passei a caminhar aqui na barragem. Já conseguia andar bem, mas preferia usar os aparelhos ali da praça República do Líbano. Uma academia ao ar livre. As academias tradicionais me incomodam. Muito barulho, música alta.
"Pois estava caminhando aqui na pista da barragem, ali ao lado dos campos de futebol.
Deviam ser umas 4 de tarde, pouco movimento, eu andava distraído, quando uma locomotiva passou por cima de mim.
"Três rapazes, de surpresa, vieram por trás, me derrubaram ao chão, as mãos ávidas nos meus bolsos, celular, chaves, carteira com documentos e pouco dinheiro.
"Em menos de minuto estava sem nada, caído no chão. Me deu vontade de chorar.
"Atordoado, fui pro carro, estacionado ali perto da barraca do Açaí.
Mas sem chaves, e sem telefone. Sabe como é. Atualmente os contatos estão todos no telefone, a gente não guarda nada mais de cabeça.
"Tenho três irmãs que moram em BH. Por sorte, eu sabia de cor o telefone de uma delas.
E ela me socorreu. Me pegou, levou num chaveiro, arrombei a porta de meu apartamento, peguei a chave reserva do carro, retornei à barragem. Meu carro ainda estava lá. Não tinha sido roubado. Já eram umas dez da noite.
"Fiquei traumatizado. Deixei de caminhar. Piorei. O médico mandou que eu fizesse exercícios.
"Agora fico só ali na academia. Ainda me assusto com barulhos repentinos. Penso que é uma locomotiva."
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Este é o posto de observação dos adolescentes marginais. Daqui eles partem para o assalto e por aqui seguem sua rota de fuga para o Aglomerado Santa Lúcia, em plena luz do dia e muitas vezes até caminhando normalmente. |