sexta-feira, 15 de abril de 2016

Empresária no Morro do Papagaio não sente a crise e ainda expande seus negócios


Ela se chama Edia, mas era para se chamar Edna. A mãe, analfabeta e mulher simples do interior, não soube explicar no cartório o nome escolhido. 

E Edna tornou-se Edia Cardoso (na foto, à esquerda com a amiga Larissa Cristina). Mas ela não liga: “acho que sou a única com este nome diferente”.

Bem humorada, sorridente e muito falante, todas as manhãs Edia estaciona seu Fiat Doblô e cumpre caminhada na pista do Parque da Barragem, ao lado da amiga e parceira Larissa Cristina. O objetivo é perder peso e barriga: “mais um mês e eu consigo”, diz, determinada.

Pois determinação é a palavra de ordem na vida desta filha do Morro do Papagaio, onde nasceu, foi criada e vive até hoje. 

Aos 28 anos, sua história é exemplo de empreendedorismo nato, aquele dom para o comércio que é para poucos.

Filha única de uma faxineira de prédio, começou cedo na labuta: aos 12 anos, já trabalhava como empregada doméstica no edifício onde sua mãe faxinava. Mais tarde, quando a mãe passou a trabalhar nas casas de famílias, Edia iniciou sua vida de comerciante.

Primeiro, vendendo roupas usadas que a mãe ganhava das patroas, nos tempos em que as mulheres mais ricas costumavam reformar o guarda roupas a cada nova estação. 

Menina ainda, pesquisava os preços e grudava com fita crepe em blusas, saias, vestidos e calçados, que eram vendidos no Morro, de casa em casa.

Nascia ali a empresária que hoje tem dois prósperos negócios, no interior do Aglomerado: um salão de beleza e uma loja de roupa fitness e lingerie. A amiga Larissa é sua “sacoleira”, que vende os produtos em outros bairros mais distantes, como Venda Nova.

Começou dentro de casa, mas a coisa foi crescendo tanto que teve de arrumar dois pontos – aliás, algo difícil de encontrar no Morro do Papagaio, conta ela, situação bem diferente do que acontece do outro lado da cidade, no asfalto, como os moradores do Aglomerado gostam de chamar o dito lado rico da cidade, onde as placas de aluga-se se multiplicam a cada dia.

No ano passado, enquanto lojas cerravam suas portas diante da crise, Edia abriu mais uma, a Espaço Feminino

Microempreendedora individual, a chamada MEI, seu sonho é tornar-se uma empresa Ltda. Sonho que, por enquanto, esbarra na falta de um IPTU, já que moradores do morro não tem suas propriedades legalizadas.

Casada com um frentista de posto de gasolina, mãe de dois filhos, Caio, de 10 anos, e Bernardo, de 5, estudantes do tradicional Colégio Santa Doroteia, Edia credita seu sucesso ao diferencial: “enquanto todo mundo compra roupas em fábricas de São Paulo, eu compro as fitness em Goiânia e as lingeries em Nova Friburgo”, explica. 

Conhecida no morro, não tem medo da violência, dos assaltos. 

Seu carro fica na rua e ninguém se atreve a mexer. Conta que abandonou o curso de Engenharia Civil na UNI-BH, no 4º período, porque estava atrapalhando seus negócios.(Post Tetê Rios)

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